quarta-feira, 19 de outubro de 2011

liçao quinta


Quinta, 20 de outubro
cpb - aplicação

De legal para ilegal




É fácil começarmos a pensar que somos melhores do que aqueles que fumam, usam joias e não “guardam” o sábado. O pensamento do tipo “eu-sou-melhor-do-que-você” ocupou a mente de Pedro quando este se recusou a comer com os cristãos gentios incircuncisos; e, por causa desse pensamento, ele vivia um estilo de vida hipócrita.

A seguir encontramos algumas maneiras de nos prevenir de fazer o mesmo.

Pare! Então agradeça a Jesus. Pare de ficar pensando o seguinte: (1) “Veja as tatuagens nos seus braços! Ela deve ter um caráter difícil!” (2) “Bem, Jennifer finalmente decidiu vir para a igreja” (3) “Eu não posso acreditar que Kevin foi nadar no sábado passado!” Em vez disso, agradeça a Jesus pelas pessoas que você tende a criticar, e agradeça a Ele por ter morrido na cruz em favor de cada um.

Seja atuante / Importe-se. Na próxima vez que você vir alguém que não se enquadra em sua definição de “bom cristão”, auxilie-o e determine como você pode ajudá-lo melhor. Isso pode fazer grande diferença não só para aquela pessoa, mas também para você. Pode ser que isso não seja a coisa “mais legal” de se fazer, e você seja criticado por fazê-lo, mas é isso o que Jesus faria, e o que Ele pensa é mais importante do que qualquer outra coisa.

Seja unificador. Efésios 2:11-17 nos ensina que todos somos um em Cristo e que as paredes do preconceito foram derrubadas quando Ele morreu na cruz. Seja o nosso preconceito para com os outros por causa da cor de sua pele, aparência física, quão “bem” eles guardam o sábado, ou como eles gastam seu tempo livre, precisamos lembrar que Deus morreu por todos nós. Todos somos injustos e todos sem valor, mas Ele escolheu nos dar a salvação mesmo assim. Pense e ore, importe-se e aja cuidadosamente para unir as pessoas ao seu redor como um só corpo em Cristo.



Pense nisto

1. É você como Paulo ou como Pedro? Como as pessoas à sua volta podem saber qual deles você é?
2. Quais são algumas áreas em sua vida em que você pode trabalhar ou melhorar sua maneira de reagir em relação aos outros?





Mãos à Bíblia

6. Como Paulo descreveu sua união com Jesus Cristo? Como essa descrição refuta as objeções levantadas por seus adversários? Gl 2:19-21

Aceitar Cristo pela fé não é um jogo de faz de conta celestial, em que Deus considera a pessoa como justa enquanto não há mudança real nenhuma em sua maneira de viver. Ao contrário, envolve uma completa união com Cristo, em Sua morte e ressurreição. O Cristo ressuscitado vive dentro de nós, nos tornando diariamente mais e mais semelhantes a Ele. Portanto, a fé em Cristo não é um pretexto para o pecado.


MEDITAÇÃO DE QUINTA

Foge da presença do homem insensato, porque nele não divisarás lábios de conhecimento. Prov. 14:7.

Muitos conselhos de Salomão podem parecer preconceituosos. Dão a impressão de que os sábios devem olhar para os insensatos como se tivessem alguma doença contagiosa e passar longe deles. O verso de hoje poderia ser visto desse modo. “Foge da presença do insensato”, afirma Salomão.

O homem ou a mulher que segue os conselhos divinos não pode tornar-se uma ilha, um ermitão ou formar um grupo exclusivista. Jesus disse: “Vós sois o sal da terra.” Mat. 5:13. O sal tem que se misturar com os alimentos que o rodeiam para dar sabor. Não pode cumprir a sua missão guardado na prateleira. Portanto, encontramos aqui uma aparente contradição bíblica. Jesus afirma uma coisa, enquanto Salomão afirma outra. É assim? Não. Jesus está falando da missão. Salomão, do preparo para o cumprimento da missão.


Em outra ocasião, Jesus pediu ao Seu Pai, referindo-se a nós: “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal.” João 17:15. Essa declaração de Jesus explica a aparente contradição. Precisamos viver entre as pessoas, precisamos amá-las e ser companheiros delas em todos os momentos e circunstâncias do cotidiano, mas isso não envolve participar das atividades onde são ditas ou são feitas coisas que não edificam.

O conselho do sábio hoje, numa linguagem simples, é: “Fique longe de pessoas que começam a falar tolices porque, em reuniões dessa natureza, você não tem nada a aprender.”

O tempo é um dom valioso. Um dia, teremos que prestar conta da maneira como o usamos. Se você contabilizasse as horas que são desperdiçadas em conversas que não edificam, e que podem até destruir seus valores, você veria que lata vazia faz muito barulho, mas infelizmente não contribui para nada. Fuja de conversas desse tipo. Uma pessoa sábia usa o tempo para construir, não para destruir.

Faça de hoje um dia de atenção aos outros. As pessoas não estão interessadas em saber quem você é ou quanto você sabe, a não ser que você se importe com elas. Você só conseguirá isso, se tiver o amor de Cristo no coração. Tenha um dia feliz. E não se esqueça: “Foge da presença do homem insensato, porque nele não divisarás lábios de conhecimento.”

19 de outubro Quarta


Timidez versus Coragem


Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio. 2 Timóteo 1:7


Muitos foram desafiados em alguma fase da vida, e se esconderam dos desafios. Saul, depois de ter sido indicado por Deus para ser o rei de Israel, se encolheu e se escondeu. Recebeu a nomeação com timidez e insegurança. Na hora de assumir a liderança, Saul disse: “Eu sou o menor da minha família, e a minha família é uma das mais insignificantes da tribo.” Temia a crítica daqueles que o conheciam. Churchill dizia: “A única maneira de evitar a crítica é não dizer nada, não fazer nada e não ser ninguém.”


De quem você está se escondendo? De que desafio está procurando escapar? Quantas vezes você já teve a resposta na ponta da língua e teve medo de falar? Quando o professor perguntava: “Entenderam?”, você costumava ficar quieto ou pedia para o professor repetir a explicação?


Muitas pessoas já confessaram que passaram por um momento de timidez. É uma fase passageira, natural quando tudo é novo e ainda não sabemos como agir. Depois, com o tempo, nos habituamos a fazer com tranquilidade o que antes nos causava desconforto.


O tímido faz de tudo para não ser percebido. Entretanto, a coragem é uma espécie de faísca que incendeia todas as demais virtudes. Precisamos dela não só para enfrentar o perigo, mas também para ser bondosos e leais. Precisamos de coragem para guardar silêncio. Precisamos dela em todos os lugares. Paulo disse: “Deus me deu coragem.” Muitas vezes, os grandes atos de coragem não aparecem em TV, jornais, revistas ou no YouTube. Às vezes, ninguém está presente para aplaudir. Acontece nas ruas, em casa e está na cruz que se carrega a cada dia.


Quando Paulo escreveu essa última epístola, estava sob o olhar de soldados que tinham ao lado uma espada. O apóstolo sabia o que o aguardava, mas não houve de sua parte o mínimo de hesitação: “Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder.”


Você precisa de coragem quando é jovem e quando é adulto. A mãe precisa dela em casa, e o pai precisa dela no trabalho. Você precisa de coragem para ser puro e para ser paciente. Você precisa de coragem para não dizer nada. O que distinguiu muitos heróis não foi a diversidade de talentos, mas a coragem.

COMENTARIOS DA SEMANA


Lição 4 – Justificação pela fé


Pr. Matheus Cardoso
Editor-assistente dos livros do Espírito de Profecia
na Casa Publicadora Brasileira

Quando Pedro agiu de forma contrária ao que ele mesmo acreditava (2:11-13), Paulo o repreendeu e o fez recordar-se de sua crença como cristão (v. 14). Em Gálatas 2:15-21, Paulo apresenta as razões que justificam sua dura resposta.

Resumo da semana: Paulo relembrou a Pedro que a justificação é somente pela fé. Ou seja, somos perdoados de nossos pecados, aceitos por Deus e passamos a fazer parte de Seu povo somente pela fé no sacrifício de Cristo, e não por nossa obediência (que é imperfeita) à lei de Deus. Nossa obediência à lei será o resultado da justificação pela fé já obtida.

O que é justificação pela fé?
Em sua resposta a Pedro, Paulo disse que “ninguém é justificado pela prática da lei, mas mediante a fé em Jesus Cristo” (Gl 2:16).1

Certa vez, numa reunião da igreja, uma garotinha perguntou a Ellen G. White: “A senhora vai falar nesta tarde?” “Não, nesta tarde, não”, ela respondeu. A menina falou: “Que pena! Então, por favor, peça ao pastor que use palavras fáceis. Diga-lhe que nós não entendemos palavras compridas, como ‘justificação’ e ‘santificação’. Não sabemos o que essas palavras querem dizer.”2

Assim como aquela garota, muitos não entendem o que esses conceitos significam. Atualmente, “justificação” é uma expressão teológica rebuscada, desconhecida para a maioria das pessoas.

“Justificação” é uma palavra relacionada ao tribunal. Significa ser absolvido, declarado justo, considerado inocente diante de acusações. Ser justificado é o oposto de ser condenado (Êx 23:7; Dt 25:1; Mt 12:37).

No contexto bíblico, justificação tem um sentido específico. Todas as pessoas são pecadoras (Rm 3:23). Tudo o que merecem é o salário do pecado, a morte eterna (Rm 6:23; Ef 2:3). Todos são culpados perante a lei de Deus (Rm 3:19; Gl 3:10). No tribunal divino, a sentença de cada ser humano é: “Culpado!”

No entanto, quando cremos em Jesus, somos perdoados de nossos pecados, somos aceitos por Deus e passamos a fazer parte de Seu povo. Isto é, somos justificados. Justificação é o mesmo que ser perdoado dos pecados (At 13:38, 39; Rm 4:6-8) e ser libertado da condenação da lei (Rm 8:1, 2). O resultado disso – como Paulo tanto enfatizou – é a obediência a toda a lei de Deus, que inclui o sábado (Rm 3:31; 8:4; 13:8-10; Gl 5:14; 6:2).

De que lei Paulo está falando?
Paulo diz que “o homem não é justificado por obras da lei” (Gl 2:16, ARA). Algumas pessoas acham que isso se refere apenas às leis cerimoniais. Mas, em Gálatas, “lei” é “toda a coleção dos mandamentos de Deus dada ao Seu povo através de Moisés”, “sejam morais ou cerimoniais” (Lição de Adultos, segunda-feira). Portanto, os Dez Mandamentos estão incluídos.

“Obras da lei” (ARA) são as obras ou atos que a lei requer de nós.3 Em outras palavras, a obediência aos mandamentos da lei, a “prática da lei” (NVI).

Conforme já vimos, o objetivo de Gálatas não é mencionar quais mandamentos do Antigo Testamento não precisam ser obedecidos pelos cristãos. O problema é muito maior do que tentar alcançar a justificação por meio da circuncisão ou de outras leis cerimoniais. É impossível ser justificado pela obediência a qualquer parte da lei – mesmo aos Dez Mandamentos!

O que não é legalismo?
É verdade que o legalismo era um dos maiores problemas dos judeus em geral do tempo de Jesus e dos apóstolos (Rm 9:30–10:4).4
Mas precisamos ser cuidadosos a fim de evitar uma compreensão distorcida a respeito do que é legalismo.

1. Legalismo não é necessariamente obedecer à lei de modo rigoroso – É impossível ser obediente “demais”. De acordo com Jesus, Seus seguidores não devem ter um padrão de obediência inferior ao dos zelosos fariseus, e sim “muito superior” ao deles (Mt 5:19, 20). A lei deveria ser obedecida externamente de modo tão rigoroso quanto os fariseus ensinavam (Mt 23:3), mas, acima disso, Deus pede a obediência interior, vinda do coração transformado por Ele (Dt 6:5-9; 10:16; 30:6).

Portanto, quem obedece aos mandamentos de forma apenas exterior e mecânica, esquecendo-se da transformação interior, não está guardando a lei de forma nenhuma! (Gl 4:21; 6:13; Tg 2:10). Os legalistas, em vez de se apegarem demais à lei, em realidade se afastam do verdadeiro sentido dela.

Como veremos neste trimestre, Paulo ensinava que o sacrifício de Cristo tornou a obediência à lei ainda mais profunda e significativa. Cristo morreu precisamente para que pudéssemos guardar a lei de acordo com a vontade de Deus (Rm 8:3, 4). Depois da cruz, Deus enviou o Espírito Santo em Sua plenitude, para escrever Sua lei em nosso coração (Hb 8:10; 10:16; cf. Gl 3:14; 5:14, 18).

2. Legalismo não necessariamente é guardar uma “infinidade” de pequenos mandamentos dados por Deus – O Pentateuco (os cinco primeiros livros da Bíblia) apresenta 613 preceitos, e obviamente o propósito de Deus era que cada um deles fosse obedecido “à risca” (Sl 119:4, ARA). Alguns estudiosos afirmam que o Novo Testamento contém ainda mais regulamentos que o Antigo. E os escritos de Ellen G. White, por sua vez, apresentam um número adicional de orientações dadas por Deus. Então, o problema não está no elevado número de mandamentos, nem em quão detalhados eles são. Deus deu cada norma para que realmente fosse obedecida.

Paulo nunca falou contra qualquer dos mandamentos dados por Deus. Em vez disso, ele costumava citar mandamentos específicos da lei, mostrando que a ela continua a ser um guia para a vida (Rm 13:9; 1Co 10:14, 20, 21; Ef 6:1, 2). O próprio Paulo apresentava listas de normas para o comportamento cristão (Rm 12–13; Gl 5–6; Ef 5–6; Cl 3). Portanto, o apóstolo nunca viu nenhum problema na existência de “regras”.

3. Legalismo não consiste necessariamente em seguir normas da tradição judaica – Os judeus da época de Jesus enfrentavam a mesma dificuldade que nós: a Bíblia não apresenta instruções específicas para todas as situações da vida. Muitas mudanças haviam ocorrido na sociedade desde que Deus havia dado Seus mandamentos a Moisés, 1.500 anos antes. Por isso, o objetivo das tradições dos judeus era ampliar os mandamentos do Antigo Testamento a situações concretas de sua própria época. Em vez de ser uma “tradição morta”, o objetivo da tradição judaica era tornar os ensinos bíblicos relevantes para outros tempos.

Por causa dessas regras, muitos dizem que os judeus, principalmente os fariseus, eram legalistas. É verdade que muitas dessas regras eram exageradas e desnecessárias, mas não era primariamente por isso que os judeus em geral eram legalistas. Jesus Se opôs a várias tradições, não por serem legalistas em si mesmas, e sim porque invalidavam os próprios mandamentos bíblicos (Mt 15:3-6).

A prática de ampliar os mandamentos bíblicos não se limita aos judeus. Alguns cristãos escolhem, voluntariamente, seguir um estilo de vida mais rígido que o apresentado na Bíblia (cf. Mt 19:11, 12; Rm 14:5; 1Co 7:7-9; 10:28, 29), e não existe nenhum problema nisso. Alguns adventistas, por exemplo, decidem escutar apenas música sacra tradicional ou não usar leite e ovos em sua alimentação. Essas pessoas não são necessariamente legalistas. Por uma questão de personalidade, sempre haverá alguns cristãos “mais rigorosos” e outros “mais flexíveis” em questões que não estão explícitas na Bíblia e/ou que não envolvem princípios bíblicos. Mas o primeiro grupo não é necessariamente mais legalista, nem o segundo, menos consagrado.

4. O legalismo judaico não era necessariamente a obediência às leis cerimoniais – É certo que, depois da morte de Cristo, não mais precisamos guardar as leis relacionadas ao templo (Dn 9:27; Hb 10:1-4). Mas o problema do legalismo não era primariamente esse. Até mesmo Paulo, que falou tanto contra as “obras da lei” como meio de justificação, viveu até a morte como judeu. Portanto, observava as festas judaicas, frequentava o templo e circuncidou seu assistente judeu Timóteo (At 16:3; 20:16; 21:17-26; 25:8; 28:17). Os demais cristãos judeus seguiam as mesmas práticas (At 2:46; 3:1; 21:20).

Em Gálatas (e no restante de suas cartas), o apóstolo não condena os rituais do templo em si nem qualquer outro aspecto das leis cerimoniais. Essa não era a preocupação dele. A circuncisão era somente a “ponta do iceberg”, porque o problema real era muito mais profundo. Por isso, na maior parte de Gálatas, Paulo nem sequer menciona a circuncisão, mas trata da lei como um todo (o que inclui os Dez Mandamentos). O principal erro dos oponentes de Paulo era apresentar a obediência à lei (moral e/ou cerimonial) como meio de justificação, em vez de ensinarem que a guarda dos Dez Mandamentos é a consequência da justificação pela fé.

Então, o que é legalismo?
Paulo jamais falou contra a obediência a qualquer parte da lei de Deus (o que inclui o sábado). O problema não era esse. Mas, se a obediência não é em si mesma sinônimo de legalismo, então o que é legalismo?

O legalismo judaico – Os judeus em geral acreditavam que o ser humano tem a capacidade de guardar a lei perfeitamente. Portanto, por meio da obediência, uma pessoa pode ser aceita diante de Deus e passar a fazer parte de Seu povo (Rm 2:17; 9:31, 32; 10:2, 3). 
Na teologia judaica, o conceito de justificação estava ligado ao conceito de recompensa. Muitos usavam uma balança para representar o juízo de Deus. Uma pessoa justificada (absolvida) no juízo era aquela cuja obediência (ou boas obras) pesava mais que suas transgressões (cf. Lc 18:10-14). A misericórdia de Deus apenas adicionava mérito àqueles que a pessoa já possuía.

O legalismo cristão – O legalismo mantido por muitos dos primeiros cristãos não era igual ao defendido pelos judeus em geral. Os cristãos legalistas acreditavam na graça de Deus e no sacrifício de Cristo. O problema é que ensinavam que a obediência à lei (inclusive aos Dez Mandamentos) seria necessária para a justificação (At 15:1, 5; 21:21). Eles não negavam o fato de que somos salvos pelo sacrifício de Cristo, mas a cruz só podia salvar aqueles que se tornassem parte do povo da aliança através da obediência a toda a lei.

Para aqueles cristãos judeus, o sacrifício de Jesus somente acrescentaria peso ao prato da obediência na balança do juízo. Essas pessoas acreditavam que “a fé não era suficiente por si só; ela devia ser complementada com a obediência, como se a obediência acrescentasse algo ao ato da justificação” (Lição de Adultos, terça-feira). Portanto, a justificação era uma mescla entre a graça de Deus e a obediência à lei. Isso é o que Paulo tinha em mente quando disse que “o homem não é justificado por obras da lei” (Gl 2:16, ARA) ou “pela prática da lei” (NVI).

Aplicações práticas
O legalismo é mais profundo do que a maioria imagina – Para muitos, ser legalista é ter um comportamento rigoroso demais, deixando de fazer um elevado número de coisas. Com isso, as pessoas “mais equilibradas” se tranquilizam com o pensamento de que estão muito distantes do legalismo, já que dão tanta atenção a normas e regras.

Ao falarmos anteriormente sobre o que não é legalismo, não estamos defendendo uma compreensão extremista sobre o comportamento. É verdade que não podemos considerar todas as normas divinas em pé de igualdade (cf. Mt 23:23). A guarda dos Dez Mandamentos, por exemplo, é uma exigência para que alguém seja batizado. Mas não podemos fazer o mesmo com o ideal divino do vegetarianismo, por mais importante que seja essa orientação. Também precisamos cuidar para não confundir costumes culturais (corretos ou não) com a vontade de Deus.

Mas, no comentário desta semana, tentamos mostrar que legalismo é algo muito mais sutil e, portanto, muito mais grave. É mais do que seguir uma “infinidade” de orientações dadas por Deus ou mesmo seguir normas que não estão explícitas na Palavra de Deus.

Legalismo não é tanto o número de normas que seguimos, nem quão rigorosamente vivemos, mas nossa atitude diante das orientações de Deus, qual função acreditamos que Sua lei desempenha em nossa vida. Legalismo não é tanto seguir mandamentos não bíblicos, mas seguir mandamentos bíblicos por motivos errados. Legalismo não é uma questão externa, mas interna.

Por essa razão, mesmo um adventista que se considere “mais equilibrado” pode ser legalista. Talvez ele considere legalistas aqueles que tentam seguir um elevado número de normas, não consomem determinados alimentos nem frequentam certos lugares. E, em muitos casos, esse indivíduo está correto em sua avaliação. Porém, é possível que esse “mais equilibrado” acredite que a obediência aos “requisitos mínimos” da vontade de Deus contribua para sua salvação. Se for assim, ele será tão legalista quanto o mais fanático extremista. Portanto, ninguém está isento do legalismo.

De qualquer modo, como o legalismo tem mais que ver com nossa atitude diante das recomendações de Deus, deveríamos pensar duas (ou mais) vezes antes de julgar os outros, de considerá-los legalistas, apenas por suas ações (cf. Mt 7:1, 2). Em vez de aplicar as orientações de Gálatas (como o restante da Bíblia) a outras pessoas, precisamos aplicá-las a nós mesmos.

1. Os textos bíblicos são extraídos da Nova Versão Internacional, salvo outra indicação.
2. Veja Ellen G. White, Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes, p. 254.
3. Veja T[homas] R. Schreiner, “Obras da lei”, em Dicionário de Paulo e Suas Cartas, ed. Gerald F. Hawthorne, Ralph P. Martin e Daniel G. Reid (São Paulo: Vida Nova / Paulus / Loyola, 2008), p. 883-887.
4. As seções “O que não é legalismo?” e “Então, o que é legalismo?” se baseiam em aulas do Dr. Wilson Paroschi, professor de Teologia no Unasp, campus Engenheiro Coelho.

LIÇAO DA QUARTA DIA 19/10

A obediência da fé


Paulo deixa claro que a fé é absolutamente fundamental para a vida cristã. É o meio pelo qual lançamos mão das promessas que temos em Cristo. Mas o que é a fé, exatamente? O que ela envolve?

5. Qual é a origem da fé? Gn 15:5, 6; Jo 3:14-16; 2Co 5:14, 15; Gl 5:6

A genuína fé bíblica é sempre uma resposta ao Senhor. A fé não é algum tipo de sentimento ou atitude que a pessoa decide tomar, em algum momento, porque Deus exige. Ao contrário, a verdadeira fé se origina em um coração tocado por um sentimento de gratidão e amor pela bondade de Deus. Por isso, quando a Bíblia fala sobre fé, essa fé sempre provém de iniciativas que Deus tem tomado. No caso de Abraão, por exemplo, a fé foi sua resposta às promessas incríveis que Deus tinha feito a ele (Gn 15:5, 6). Já no Novo Testamento, Paulo disse que, em última análise, a fé está enraizada na nossa percepção do que Cristo fez por nós na cruz.

6. Se a fé é uma resposta ao Senhor, o que essa resposta deve incluir? O que podemos entender sobre a natureza da fé?Jo 8:32, 36; At 10:43; Rm 1:5, 8; 6:17; Hb 11:6; Tg 2:19

Muitas pessoas definem fé como “crença”. Essa definição é problemática, pois em grego a palavra para “fé” é simplesmente a forma substantivada do verbo “crer”. Usar uma forma para definir a outra é como dizer que “fé é ter fé”. Isso não nos diz nada.

Um exame cuidadoso das Escrituras revela que a fé envolve não só o conhecimento sobre Deus, mas um consentimento mental ou aceitação desse conhecimento. Essa é uma razão pela qual é tão importante ter uma imagem correta de Deus. Ideias distorcidas sobre o caráter de Deus, na verdade podem tornar mais difícil o exercício da fé. Mas uma aceitação intelectual do evangelho não é suficiente, pois, nesse sentido, “até os demônios creem” (Tg 2:19). A verdadeira fé também afeta o modo de vida de alguém. Em Romanos 1:5, Paulo escreveu sobre a “obediência que vem pela fé”. Paulo não disse que a obediência é o mesmo que fé. Ele quis dizer que a verdadeira fé afeta o conjunto da vida de uma pessoa, não apenas a mente. Ela envolve compromisso com nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, e não apenas uma lista de regras. A fé abrange o que fazemos, nossa maneira de viver, em quem confiamos e também aquilo em que acreditamos.